Moderna, casa de madeira tem materiais inovadores e teto verde
“Estou louco para ir lá com os meninos e ver como eles vão usar a casa”, contou o arquiteto André Luque, na expectativa de visitar, junto com a família, o projeto assinado por ele, em Trancoso. O caçula nasceu num intervalo da obra, em 2015, enquanto o filho mais velho, de 4 anos, precedeu em alguns meses a primeira visita de André ao vilarejo baiano – fascinado pelo lugar, ele retornou a São Paulo com um terreno na mala.
E olha que a viagem era apenas para assessorar um cliente. “No dia de ir embora, perguntei ao corretor se ele não teria uma mosca branca para mim. E ele falou: ‘Tenho. É um lote que só agrada a arquitetos, porque tem muitas árvores e é inclinado’.” Ao percorrer o endereço e filmá-lo, André já foi traçando mentalmente o projeto.
“Enviei as imagens para o meu irmão e telefonei na mesma hora: ‘Lembra daquela ideia de erguer casas de arquitetura autoral para depois vendê-las? Topa começar agora?’.” Em parceria também com o pai, eles deram a largada ao intento. André planejou a edificação como se fosse para si: contemporânea, com estrutura de madeira laminada colada e tetos gramados convidando ao lazer.
Ou, explicando de outro modo, um imóvel de alto padrão com seis suítes e uma generosa parte social conectada à piscina e ao terraço da churrasqueira, o qual nada mais é do que a cobertura plana sobre o bloco dos quartos. Ou, ainda, uma construção em L inserida no declive original para aproveitar a vista e a brisa vinda sempre da rua para os fundos.
Após os sócios aprovarem o projeto arquitetônico, veio o alerta do condomínio: ao contrário dos lotes vizinhos com recuo traseiro de 6 m, neste eram exigidos 24 m. “Ali atrás existe uma APP, área de preservação permanente, o que reduziu a metragem disponível a 30% dos 1 700 m2 adquiridos”, justifica André.
E continua: “Mexi novamente na proposta e aproximei a casa da rua. E concluí que, qualquer que fosse o elemento vazado adotado na fachada – até então o material estava indefinido –, a trama precisaria ser bem fechada a fim de manter a privacidade”.
A solução surgiu quando o arquiteto descobriu chapas de partículas de madeira e cimento importadas de Portugal. O produto pode ser recortado e marcado em baixo-relevo em uma máquina computadorizada. “Eu fiz o desenho, pensando nas rendas brasileiras, e meu marceneiro preparou os painéis após protótipos de MDF como teste.”
“Acompanhei a instalação, que durou uma semana.” André só viu vantagens na escolha: “Consegui fazer até portas pivotantes e folhas de correr. O material é pouca coisa mais caro do que o cobogó e dispensa manutenção”.
Mensalmente, o arquiteto tomava um avião para conferir o andamento dos trabalhos e, nos últimos meses, passou a se hospedar no local.